Domingo, 12 de Maio de 2013

O TESTE DE PORTUGUÊS DO 4º ANO, EM 7/5/2013

 

Pondo de lado todo o tipo de politiquices, começo por dizer que não sou contra os exames como forma de avaliação da eficácia dum método de ensino e a correspondente aquisição de conhecimento por parte dos alunos. E sou a favor dos exames, também, porque são uma forma de ir preparando as crianças, os futuros adultos, para os muitos “exames” com que a vida os irá abalroar. É discutível… Como tudo, evidentemente!!

Agora,  o que excluo, veementemente, é que para se avaliar seja quem for se use a charada ou qualquer outro meio desadequado, seja à idade, ao grau de ensino do avaliado, ao tempo atribuído... É injusto, desumano, traumatizante e inútil. Sobretudo não é de todo admissível que se ignore a inevitável falta de concentração do aluno, face ao momento enervante por que está a passar. E muito menos é desculpável que uma tal atitude parta de educadores que deveriam ser sensíveis à idade das crianças que vão estar sujeitas a uma tal forma de avaliação. Fazê-los optar, por exemplo,  entre “um conto ou uma narrativa cheia de fantasia”, obrigá-los, num momento de tensão como o de um exame, a descortinar, entre várias hipóteses, qual a data certa dum determinado acontecimento, o número de espécies descobertas ou já anteriormente estudadas, as datas das expedições…é dose! Seguramente muito adulto não o teria feito.  Será que não há mesmo hipótese dum meio termo neste País?! E não quero mesmo dizer que as coisas têm que ser simples pois também estas podem ser consideradas desadequadas. No meio termo é que está a virtude!

Nem questiono   que sejam interpretados mais que um texto (até porque foi  pelo método, por vezes, providencial do  “X”)! Já nem questiono que, enquanto isso, a gramática tenha sido quase ignorada! Mas tenho que dizer que seria preferível terem dado ao aluno mais hipóteses de mostrar ao examinador a sua capacidade de jogar correctamente (ou não) com as palavras da sua língua. Mas será que é de se exigir um bom desempenho da Língua Portuguesa a alunos de 10 anos, servindo-se dum texto que, além de confuso, termina com uma demasiado longa “procissão” da conjunção “e”?! Evidentemente não é culpa do autor; ele não pretendeu, certamente, mais do que informar sobre os importantes resultados de algumas expedições valiosas, sem qualquer preocupação de correcção linguística. Mas, se para o  autor deste relatório entendo o texto totalmente aceitável por se tratar dum simples apontamento de trabalho, julgo ser completamente inadmissível que algum profissional do ensino se tenha servido dele para um teste de Português a ser feito por crianças. Espero que os alunos não se tenham apercebido de tais “deselegâncias gramaticais” e que os professores que vão corrigir os testes tenham em consideração que não é expectável que a sabedoria do aluno tenha de exceder a de quem é suposto avaliá-lo e, muito menos, de quem tenha elaborado o teste. Quanto ao segundo texto, pelo menos é adequado à idade dos alunos. Deliciei-me a lê-lo em criança. Por acaso, li-o em inglês... porque estava a estudar inglês! Talvez por isso, me tenha questionado se não haveria em Portugal nenhum escritor português à altura de brindar as nossas crianças com um textozito de algum dos seus livritos?!

Enfim, uma decepção! Talvez, admito, que me tenha decepcionado por ter criado algumas expectativas que estou a constatar serem só sonhos! Mas, assim, como assim… para quê aborrecermo-nos? Afinal os testes até representam apenas 25% da vida escolar dos alunos! E até lhes dão a hipótese de serem repetidos lá mais para o verão!...Felizmente, vivemos num País que, embora cultivando o desperdício (de tempo, de papel, de esforços, de pessoas, de paciência, de dinheiro…), continua a conseguir prolongar a sua esperança de sobrevivência.

Este episódio da vida portuguesa fez-me lembrar os tão contestados testes de condução. É difícil entender o que neles está em jogo! Será testar a sorte e a aptidão de resolver charadas do futuro condutor ou a sua capacidade de se saber comportar ao volante? Será que querem mesmo  saber se ele está apto a conduzir, a respeitar os sinais de trânsito e a não  ter um desempenho incorrecto ou perigoso?

E… será que ainda ninguém compreendeu que não se está no melhor caminho com estes tipos de avaliação?! É que o resultado está aí por essas estradas fora…  Não se queixem se qualquer dia acabarmos a andar de triciclo! No caso do ensino, em geral,  e da nossa língua, em particular, tudo fia mais fino e ainda podemos acabar a ter de abandonar o Português e a preferir o… Chinês,  ou outra língua qualquer!!! 

 



publicado por Milú Ruas Basso às 18:10
Sexta-feira, 01 de Fevereiro de 2013

Há pessoas que pelo simples facto de estarem já me irritam. Não são reais; soam a falso, não existem!  Não são nem estão... Têm!

Temos que vê-los porque presentes, densos, compactos. Há que suportá-los porque lhes é devido aquele espaço pelo simples facto de o ocuparem - são matéria. Apenas!

E é este encarar do inevitável que faz acordar em nós tudo o que há de mais primitivo e brutal. Nem sempre por quererem penetrar no nosso espaço mas por serem demasiado palpáveis. Ainda que estejam no deles. E é bem pior quando estão no nosso. Sentem-se ali. Pressentem-se. Não voam, não vagueiam. Nem sequer esvoaçam. Andam, pesadamente. Pisam, esmagam. Prejudicam tudo e todos com a impunidade de quem só TEM. São vizinhentos!

Não nos olham de frente. Olham através de nós, perfurando, tentando encontrar algo para espezinhar e destruir, pelo caminho. Deliram se o conseguem. Não o delírio salutar duma alegria exaltada de quem com o pouco conseguiu muito; mas o delírio cáustico e negativo de quem do tudo conseguido fez o nada. Nada mais que o nada! São frustrados e frustrantes. E é, sem dúvida, frustrante tê-los ao pé da porta!

Todos querem a proximidade de vizinhos, amigos sempre à mão, a quem recorrer, gente boa a quem apoiar e que nos apoie sempre que preciso. Verdadeiros familiares eleitos, escolhidos. Mas eis que nos saltam e assaltam os vizinhentos! Porquê a nós? Nem, ao menos, uns corriqueiros vizinheiros, puros e simples... Uns daqueles companheiros de porta-de-casa comuns que, apesar de pouco terem a ver connosco, coexistem sem esmagar nem atropelar.

Para  quem goste de acamaradar e conviver, é dose! Pior ainda, foi, é e será dose! Irremediavelmente. Daquela insuportável até ao mais comum dos mortais. Daqueles mortais bem normais; seres cuja matéria envolve uma essência que pensa e sente, saboreando o bem ou sofrendo com o mal dos outros. Afinal, como "quase" todos nós...

Tem sido cansativo. Tivemos que aprender a estar em guarda, dentro da nossa própria casa. Sem descanso! É que à menor distracção correm-se riscos. Queixas, ataques, denúncias. E quanto trabalho exaustivo para chegar à trincheira!

E o martírio parece não ter fim. A sede de martirizar dum vizinhento é inesgotável. Cultiva o mal afincadamente, requintadamente!

Medidas? Jogar com as mesmas armas? Para quem está habituado a viver com espírito aberto e são é uma decisão difícil de tomar. Nem a sua mudança será legítimo desejar. Nem à guisa de praga a outro vizinhento qualquer de  outras paragens... Seria egoismo. Teria remorsos, certamente. É que em termos de vizinhentos este, de todos é REI. É duma espécie malvada, avizinhada!!!

Só há uma arma para a vitória final - AGUARDAR! Aguardar tranquilamente, pela certeza de que a matéria que cada vizinhento ostenta pomposamente é irremediavelmente oca. Um golpe certeiro, frontal e estoiram qual abóbora. E com a certeza de que esse dia há-de chegar, muitos quererão testar nele a pontaria...

 

Não podia ter deixado de "dedicar" umas palavrinhas a uma "classe" de pessoas que serve para pouco mais que infernizar a vida de quem não tem outra culpa que a de viver nas imediações. Pode ter qualquer nome: Tiagueiro Vizinhento, Tiaguento Avizinhado...Tanto faz. Basta adaptar o nome  e tenha a palavra a raiz que tiver, são seres que nem precisam de ter género nem número. Só era necessário que estivessem bem longe!!! E que, para nos esquecermos deles, enquanto estão por perto, nos pudessemos mesmo iluminar com o saber do grande Padre António Vieira e afirmar convictamente que "temos saudades do futuro". Haja esperança!   



publicado por Milú Ruas Basso às 00:33
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